domingo, 27 de junho de 2010

CONCURSO PREMIOS INTERNACIONAIS TALENT SEEKERS


POEMAS A FACE DE MIN'ALMA











AUTORA: TEREZA NEUMANN



















1 - CAMINHO SEM PERNAS E VOO SEM ASAS

Sou poeta,
Caminho sem pernas
E voo sem asas,
Alegro-me com o abstrato,
Entristeço-me com o concreto,
Escrevo sobre o feio e o bonito,
Sobre mazelas e sobre festas...
O mundo é assim,
É choro e riso,
É sonho e real,
É circo e teatro,
É diferente e é igual.
Sou poeta,
Registro a imagem,
Pinto a tristeza,
Como o outono
Desfolha as árvores.


























2 - SOBRE AS DORES DO MUNDO...

Escrevo para dizer o que vejo
Não sou cega, nem sossego,
Escrevo, o que ninguém
Quer escrever.
Vejo o mundo sangrando,
A massa mimosa delirando,
O poder só viajando,
Fechando as olhos pra não ver.
É comovente, é sombrio
A fome no prato vazio,
A miséria sem estio,
Dorme na rua, enfrenta o frio,
Excesso de descaso,
Cresce a miséria
De dez para mil,
Quando isso vai acabar?
A vaidade, a ambição,
Sem alma, sem coração,
Faz o egoísmo sobreviver.
Miséria é mera tolice,
Os poderosos é que dizem,
Fazem questão disso manter.
Pra ter o pobre subserviente,
Só o seu voto fazem valer.
É preciso dar um basta,
Na maldade que maltrata,
De homens insensatos,
Alguns novatos,
Outros a séculos no poder.
A miséria não tem riso,
De tanto chorar,
Secou as lágrimas
Dizer não é preciso,
É só observar.
Nada vai bem com o pobre
Seu consolo é catar o lixo
Pra vida continuar.










3 - VENENO PRA ALMA - ALERTA AOS JOVENS

Como é feio
Alguém ser engolido pela droga,
Maconha, crack e coca,
Drogas que fazem morrer.
Pra vê um céu tão bonito,
Não é preciso artifício,
O natural faz valer.
Crianças e jovens tão lindos,
Aqui vai um recado,
O mundo é tão delicado,
Não vale à pena sofrer.
Pense quem ganha com isso,
Quem perde, morrendo é você.
Temos o céu e as estrelas,
O mar, o luar são belezas,
Que qualquer um pode ver.
Reflita, gente bonita,
Coloque no coração:
A liberdade de cara limpa,
É uma grande conquista,
Pra sua alma afeição.
A liberdade de cara suja,
É pra quem quer vegetar ou morrer.
























4 - AVIDA SANGRA


A vida sangra,
Violenta a alma,
A saudade arrebenta,
Invertidos valores, maltratam.
Ah, saudade...
Dos tempos em que os valores
Eram outros...
Tudo correto,
Nada era errado.
A vida,
No mundo globalizado,
Coleciona horrores,
Perigo, maldade,
Máxima crueldade.
O tempo sem freio,
Em alta velocidade,
Desfaz os anseios,
De quem vive de bondade.
A tristeza toma conta,
Do estado de horrores.
Os horrores tomam conta,
De falsos valores...























5 - A FACE DE MIN'ALMA


A face de min'alma
Não é escura,
É um carneirinho
Com pele de algodão,
Doando ternura.
Min'alma
Não produz amargura,
É fábrica de docinhos,
Formando corações,
Com gosto de candura.
Cálida alma,
Se todas fossem assim,
A doce paz,
Mostrava à violência,
O inicio do seu fim.


































6 - PAZ, BARULHO DE SILÊNCIO


Balança o berço
Inquieto da terra,
Estanca os ânimos
Dos homens de guerra,
Aplaina a grama
De tanto sofrimento,
Rompa as lágrimas,
Iniba os lamentos...
Para não colidir
Tristeza e contentamento.
Paz, brancura de alma
Sem risco, sem rasgo,
Lampejos de beijos,
Laços de abraços,
Que em mãos sensatas,
Nunca desata.
Paz, barulho de silêncio...






























7 - MENINOS DA RUA BRASIL


Meninos de rua
Atrozes por escolha
Ou impostos pra ser ferozes?
Pequenos de inocência perdida
Sem vestígios de ternura,
Espalhadores do medo,
Predadores da esperança.
O que de bom eles tinham, perderam,
Não teem mais o que perder.
Pobres meninos pobres,
Sem estado e sem estudo,
Olham para o passado, o presente
E não veem o seu futuro.
Seria bom de verdade,
Se ainda tivesse tempo,
De salvar esses meninos,
Antes do seu crescimento,
Pra quem sabe, mais tarde,
Não ser tão tarde,
Pra inverter esse papel,
De ter um estudante exemplar,
Ou um marginal cruel!
























8 - PÁRIA DA DOR


Tristeza, dor e solidão,
Incongruências determinantes
De infelicidade na vida desses bufões.
O vazio que toca a alma,
Empalidece a face,
Deixa o corpo imperfeito
Que se arrasta na escuridão.
Mísero corpo, pobre carcaça,
Mendigo, que mendiga,
Um mundo sem exclusão,
Carrega consigo,
Uma vasta mala de humilhação,
Sua casa é a calçada,
Sua cama, um papelão
Vida indigna,
Desses indigentes sociais,
Não são narcisos,
Pois a beleza foi carcomida,
Pela passagem de infortunada vida,
Sem direção, sem ideais.
Vivam os pobres mendigos,
Nem o olhar de esperança,
Vigia o seu destino...
Dorme, esquece os desatinos, se for capaz,
Reanima seus sonhos,
Mande a agonia ir embora
E tenha um sono de paz!




















9 - PULHA DA AFLIÇÃO


Eta, tresloucada vida insana,
O outro lado marginal,
Interrogo em desabafo,
Sou interlocutor do que o povo questiona.
Quem foi o inventor de armas?
Fabricantes de engrenagens bélicas?
Que só poupa a bandidagem,
E destroi as coisas belas.
Quem foi esse inventor do caos?
Que transforma a vida em lágrimas?
Mães, homens do povo,
Inocentes alvo dos maus.
Ah! População desassistida,
Polícia sem proteção,
Precisamos descobrir o dono dessa invenção!
Nessa vida em que vivemos,
Invertemos pra viver,
O homem de bem fica
atrás de janelas com grades,
E os bandidos e malfeitores,
Ficam armados em liberdade.
Essa agrura a gente passa,
Graças a figura nefasta,
Do inventor desse vilão,
Quem foi esse degradado, pulha da aflição?
























10 - TERNURA PARA MARLI


Mãos mansas de toques leves,
Tempo longo que parece breve,
Afagos e carinhos,
Flores sem espinhos
E um beijo dado,
Suave, colado,
Que avermelha a alma
E cora o coração.
Doce ternura,
Cândida doçura,
Sinto-me criança,
Ao dormir em seio justo.
Busto macio,
Convida-me ao cio...
Ah, menina!
Nas noites frescas e cristalinas,
Amargo o desconforto,
De não tê-la junto à mim.
Em compensação,
Em meus sonos te sonho,
E encanto-me com o que
Em sonho aconteceu,
Os teus lábios macios,
Beijando os meus.






















11 - SANDÁLIAS DE JESUS


Descalço
Os pés borbulham em calos,
A crua ferida sangra,
Parece os pés de Jesus,
Do andarilho que cata lata,
Para prover a sua cruz.
Papelão, lata e garrafa,
São o seu ganha pão.
Pai de tantas crianças,
Com olhos tristes,
Que esperam, não desistem,
De comerem o que ele traz,
Será que os homens de terno,
Que teem a comida farta,
Não são sensíveis,
Com a vida malvada,
Que maltrata os filhos pobres,
Vivendo tão desiguais,
Ignorando a partilha?
Só quem olha para esses pobres,
É quem morreu na cruz.
O homem descalço,
Não desiste de seu fardo,
Cansado ele persiste,
Calçado nas sandálias de Jesus!



















12 - DESVIE-SE DAS PEDRAS E ENCONTRARÁS FLORES


Vem!
Se em teu caminho encontrares
Corações insensíveis,
Não se abata,
Siga adiante.
Pela estrada da vida
Encontrarás muitas pedras,
Desvie-se delas.
Se perseveras,
Encontrarás flores,
Não desanime,
A vida não é só de horrores.
Vem!
"É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã"
Renato Russo ratificou
O que Jesus pregou.
Se Jesus carregou a cruz por nós,
Não tem sentido, não amar.
Se Jesus sofreu por nós,
Não tem sentido, não ser feliz,
Se Jesus sangrou por nós,
Não tem sentido, um mundo sem amor,
Um mundo sofredor...
Então, pare e pense!


























13 - ÁGUA MORTA


Bebo água...
Penso nas crianças futuramente.
Respiro oxigênio...
Penso em um mundo repelente.
Jogo peteca...
Não sei, se daqui pra frente,
Terá pena...
Sinto pena,
De quem viver a vida terrena.
Com o sol quente,
E a água morta!
































14 - DOCE CANÇÃO A BORBOLETA


Triunfas sobre o ar,
Navegas sobre o dia.
No breu da noite, esguia,
Pousa nas estrelas.
As flores ciúmam
O tato dos teus pés.
Peregrina voas,
Conta-me sonhos do universo,
Acende-me com tuas fábulas,
Tira-me o pouso da morte,
Sentimento que me angustia.
Com tuas asas estendidas,
Alças voos pra bem longe,
Sinto inveja, inveja de amiga,
Conhecedora de tantos caminhos...
Pobre de mim, borboleta,
Sem estórias pra contar do infinito,
Voa, traz-me notícias tuas,
Quem sabe, a chuva mude o teu destino
E pouses em minha porta,
Pra me contares,
Segredos da enamorada lua.

























15 - VEJO O FUTURO EM PRANTO SECO


Pranto seco...
Vejo o futuro equidistante.
Nem água para a saliva,
Nem lágrimas para à vista.
Ensandecida,
Faço o caminho da amargura,
Vejo as crianças de hoje, amanhã,
Não tenho noção de triste agrura.
Ventos...
Nem ventos correm mais...
Tudo parado e lento,
Não vejo vida,
Tudo morreu.
Os olhos daquele moço,
Amealham agonia.
Nenhuma lágrima alivia,
Aquele seu pranto seco!





























16 - O SORRISO DE JESUS


Jesus...
Quero ver o teu sorriso,
Pra que o mundo sorria,
Vendo um riso tão terno e tão bonito,
Teus filhos parecem, ter esquecido,
A dor do teu sofrimento.
Mas, peço-te: sorria, senhor,
Nem que seja por um momento,
Dê-nos essa alegria,
De vermos o teu sorriso,
Todos os dias,
Pra que o mundo dê-nos a paz,
Que é preciso.
Sei que a vida está aflita,
Parece que vai desmoronar,
Não há motivos pra sorrisos,
Prestes de tudo acabar,
O homem não respeita as crianças,
Não respeita os mais velhos,
Não respeita a natureza...
Perdoe os teus filhos,
Tua obra, tua criação.
Sorria, Jesus,
Só o teu sorriso,
Nos libertará do castigo
E freará a nossa ambição!
























17 - INVERNOS E OUTONOS


Tengo miedo de morir
Sin haber vivido,
Qual o sabor que experimentei?
Á toas ilusões!
Aquela dor no peito é a certeza...
Sofrerei metamorfose,
Quando eu for pó.
Buscas tentei, tentativas busquei,
E o tempo engolindo as esperanças...
O tempo e o vento cúmplices,
Lança-me no oceano,
E do fundo, eu não vejo
A superfície do mar.
Eu só vivi invernos,
Como eu queria outonos...


































18 - SYL - MENINA EM DESENCANTO


Dedicado a Sylmara, jovem garota,
que ainda tem toda uma vida pela frente pra ser feliz.


Rebento sofrido,
Que o sopro do alívio
Veio enternecer...
Sopra a dor da tua ferida,
O sangue estanca
E o consolo suaviza,
A vida de esperança.
A vida costura o tempo,
Pra ele não partir...
Pra menina ainda ter tempo,
De tua vida florir.
Tua passagem do útero,
Pra essa vida,
Completam dezessete anos,
Tão jovem tu és,
Pra sentir-se desiludida.
À tua frente,
Espera-te um tempo infindo,
Pra curar a tua alma.
Tempo de amores e amigos,
De sonhos refeitos em versos,
De um contentamento feliz.
Ainda verás chegar,
Os braços que não disfarçam,
O cheiro que denuncia,
O corpo que te enlaça,
A pura melancolia,
Trocada pela ternura,
Do beijo da tua mãe!



















19 - POEMA LÚDICO


Tua boca
Tem aroma de amora,
Tanto faz se tua boca
É de amora,
Ou se teu hálito tem aroma,
Beijo tua boca
E me desperta o amor,
O amor em Roma é mais amor,
Quero viver,
Um grande amor em Roma,
Que tenha na boca,
Amora o teu aroma!

































20 - SÚBITA SAUDADE


Súbita saudade
Trouxe-me de volta à minha terra,
Tão súbita...
Que o tempo fez-se preguiçoso,
E o caminho lento,
Até a chegada.
A madrugada cochilava,
Como uma demente.
Ninguém me esperava...
O homem do táxi bocejava
E perguntava o caminho.
Olhei as estrelas, belas,
Em feixes de luz me saudavam,
Percebi que mais nada importava,
Pois as estrelas me esperavam.






























21 - AMIZADE DE PAPEL


Acabou,
Aquela amizade fiel,
O coração de mel,
Que era só um, rompeu,
Tornou-se dois, de fel.
Não sobrou o afeto,
Nem o amor prometido,
E a cumplicidade,
Parece não ter existido.
Cadê a confiança,
A aliança de irmãs?
A amiga predileta
Eu era tua fã...
A amizade eterna,
Em efêmera se tornou,
Um amor tão divino,
Era lindo, mas não sobreviveu,
O que era cálido,
Ficou pálido e morreu.
Nossa amizade era um céu,
Amargou, ficou cruel...
Amizade tão forte,
Rasgou, era de papel!























22 - CONVEXO & CONVEXO


Convexo,
Sonho sem nexo
O meu amor é complexo.
O politicamente correto,
Seria o côncavo e o convexo?
Pra mim...
É o convexo e convexo,
Totalmente convexo!
Amo, um amor assim,
Que no espelho,
Seja o meu reflexo!


































23 - A MADRUGADA É PUTA E PURA COMO MADALENA


Como é bom
Ao nosso redor,
Ter tanta poesia,
Não andamos, flutuamos,
Como no paraíso...
Até voar, voamos,
Em nossas costas,
Criam-se asas de anjos,
Se preciso...
Como é bom,
Ter a alma serena,
Ao ouvir tantos poemas...
A noite não escurece com a lua,
A madrugada anda pela rua,
Ébria e boêmia,
Puta e pura
Como Madalena,
E ao romper o dia,
Nasce com a aurora,
A mais linda poesia!




























24 - RETALHOS DE UMA VIDA


Já vivi,
Vários retalhos de uma vida,
Já amei,
Já desamei,
Cheguei a etapa final,
De uma vida, sozinha.
Espero por mais um retalho,
Pra me tirar da solidão...
Emendas e ciclos,
Retalhos cerzidos,
Costuras e etapas,
Caminhos compridos,
Estradas de chegadas...
Minha esperança,
De não ser amiga da solidão,
É que o retalho de minha vida,
Emende o meu coração,
Em outro coração,
Pra não deixar que min'alma,
Seja a alma, sem nenhuma emoção...




























25 - A VIDA NÃO É NOVELA COM FINAL FELIZ


Solidão em paz, multidão silenciosa, raquítica, frouxa, tuberculosa, sem o encontro
com as ondas do mar, num vai e vem, que vem pra acalmar. Silencio a solidão, controlo
a multidão, não uso mais a razão, é cefaléia em vão. O céu cinzento, descolora a vida
e o zigue-zague das pessoas numa avenida aflita, contrai os rostos ensebados de suor,
burlando assaltos num asfalto conflitante, de pessoas estranhas, que não se olham com
medo da ira da faca nas entranhas.
De dedo em riste no nariz, a tv obriga o povo a consumir, ilude como se a vida fosse
novela com final feliz. É indigesta a obrigação de votar, que outros tês da vida, não param
de exigir, guardo uma gravata no bolso para o enterro do amor. A ambição é cobiçada e
quem reina é o desamor.
Somos comedores quietos, de pratos indigestos, recheados de indignações. Mal, disfarçado de bem, espero que não convença mais ninguém... bom é eleger o bem, sem disfarce, sem mordaça, sem cinismo, sem trapaça e dar-lhe cordiais saudações!


































26 - RAINHA DA NOITE


Seu dia é a noite,
Veste sua roupa de mártir
E compra a ilusão.
Sai, sob os colares de luzes
E gambiarras de estrelas,
Que iluminam as pedras da rua.
Entra em becos de amargura,
Na penumbra vê as vitrines expostas,
Vendem-se corpos que ficam à mostra,
Na feira de liquidação.
Embevecida bebe o licor do devaneio,
Apresenta sua mercadoria valiosa,
Desnudando o seu seio, sua jóia preciosa.
É dia de sexta-feira, feira movimentada,
Produtos esgotados e corações cansados.
A noite se esvai inquieta,
A ilusão também se esvai,
Nas mãos do proxeneta.



























27 - SONETO AO COTIDIANO


Não é preciso ter muito dinheiro,
Para alimentar a alma de felicidade.
Só é preciso um lugar rotineiro,
Para a alma sorver as belezas da cidade.

Sentado, em silêncio, ouvindo o cotidiano,
Se perder no tempo, sem cumprir horário,
Ouvir bem distante a música de um piano,
Encher o coração com o imaginário.

Melhor não tem, que observar o tempo,
Com a calma do mundo, se entregar a tanto,
Que as pequenas coisas não voem com o vento.

Me regozijo em olhar a arte da vida,
Fábrica gratuita de sonhos tão belos,
Lidas em sonetos, vista do alto, tão linda!





























28 – CELEBRAÇÃO


Sou azul
Como esse céu,
Que trago sobre
A minha cabeça,
Sou azul
Como esse mar,
Que trago sob
Os meus pés,
Quando olho,
A cor dos teus olhos,
O céu junta-se ao mar,
E o azul celebra,
A tua cor,
Dentro desse teu olhar.



































29 - POEMA AO TEATRO DA VIDA


Fabulosa vida, cenário real,
Mágicos palhaços compondo quimeras,
Marionetes vivos, interprétes desse cordel genial,
Espetáculo aberto, sem fila de espera.

Ah! Se na vida só existissem palhaços...
Sonhadores, ilusionistas, reis da alegria,
Vendedores de sonhos, criadores de um mundo encantado,
Inúmeros Carlitos, fazedores de riso e de melancolia.

A moça da vida representa a sua pantomima,
Desperta malícia nos transeuntes da dor,
Papel de meretriz de um bordel desbotado, frio e incolor.

O homem bêbado, poeta do infortúnio,
Rodopia, dança na chuva, faz piruetas e gira cambalhotas,
A pláteia se diverte fazendo galhofas.

O vendedor de sombrinhas, pária que comove o tempo,
Arma girassóis multicolores,
Girândulas na chuva, balança contra o vento.

Sou um fantoche desse circo magistral,
Espectadora ocular de tanta estesia,
No último ato da peça, vem a morte e veste a sua fantasia.

Toca ciranda,
Faz-se silêncio,
Cerram-se as cortinas,
Apagam-se as luzes,
Acaba a magia.

















30 - FELICIDADE, ESSA DESCONHECIDA...


Tarde,
Todos os matizes de cor,
Meu dia colore,
A alegria faz festa dentro de mim,
Circos com palhaços metafóricos,
Discos com acordes de sonata,
Dia singelo e bonito,
Íntimo ser que contagia.
Abro os braços pra liberdade,
Naquela praça em cores,
Coretos e bandas liláses,
Orquestram sons de rouxinóis...
Grito pra todos, sorriam!
Abracem os raios do sol.
Deitem na relva,
Assobiem qualquer melodia,
Recitem uma poesia,
Pra saudar o girassol.
Não quebrem o encanto do dia,
A felicidade, vem de tempos em tempos,
Esta momento quero guardar...
Subo no mais alto edíficio,
Abro meus braços e grito,
Hoje, a felicidade, veio me procurar!



31 - BENDITO FRUTO DO MEU VENTRE


FILHA AMADA
EM QUE LUGAR TU AMANHECES,
SE A TUA CAMA DORME SEM TI?
QUEM TE AQUECES,
SE OS MEUS BRAÇOS ESTÃO AQUI?
VOLTA PRA CASA,
ONDE SÓ RESTAM AS TUAS LEMBRANÇAS,
PERPETUADAS EM ESPERANÇAS
DE UM DIA VOLTARES PRA MIM.
BENDITO FRUTO DO MEU VENTRE
TE GEREI, TE VI CRESCER
DIVIDIMOS DISSABORES,
VIVEMOS TANTAS ALEGRIAS...
A TERNURA ERA NOSSA INSEPARÁVEL COMPANHIA.
COMPANHIA QUE AGORA ENCONTRO,
NO LAMENTO E NO PRANTO,
NA TRISTEZA E NA DOR.
TRAZ DE VOLTA A TUA VOZ E O TEU CANTO,
PRA ACABAR COM O DESENCANTO
E O PRANTO QUE AGORA MORAM EM MIM.
FILHA, AMADA MINHA,
QUERO SUPERAR ESSA DOR COM A TUA CHEGADA.
CORRIGIR OS MEUS ERROS SE OS TENHO,
RECUPERAR O TEMPO PERVERSO DA SEPARAÇÃO
ESQUECER TODAS AS MAZELAS,
RESPONSÁVEIS ÚNICAS DESSA SITUAÇÃO.
ABRIR TEU CORAÇÃO PARA O PERDÃO,
ROMPER A DOR COM A TUA VOLTA,
POIS ÉS MEU ALICERCE, MEU ESTEIO.
AMADA FILHA, CRIANÇA,
OUTRORA TE ALIMENTEI EM MEU SEIO,
AGORA QUERO TE ALIMENTAR COM O MEU AMOR,
SENTIMENTO ÚNICO DE ESPERANÇA.

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