segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DERRADEIRA AURORA


NÃO ECONOMIZO HORAS, NÃO INFRINJO O SINAL VERMELHO, A FILA ESCALDANTE DO BANCO, DO ONIBUS E DO METRÔ. NÃO CORRO À FRENTE DO TEMPO, NEM CUSPO NA CARA DE QUEM ME OFENDE, CARREGO SEQUELAS DOS POBRES MISERÁVEIS QUE DIVIDEM DESPREZÍVEL MORADA. ROUPAS RASGADAS E UM ROTO CHINELO DE SOLADO SOLTO, SOLTANDO-SE A CADA PASSO DADO. RISO CONTIDO, SEM NENHUMA GRAÇA, OLHO MINHA CARA E CHORO, POIS TENHO HORA MARCADA PRO ENCONTRO COM A MORTE. DESÇO RUAS EM CAOS, PRA OLHAR OS OLHOS DAS CRIANÇAS DE BARRIGAS DILATADAS, QUE SÓ COMEM PALMA COM SAL. ROSTOS TRISTES NAVEGANDO NA IMUNDICIE, NOS DESTROÇOS DE UMA VIDA SEM SAÍDA, SEM ENCONTRO COM A ESPERANÇA. PENSO NA FELICIDADE COMO SENTIDO PRA VIDA, MAS SÓ VEJO INFELICIDADE NA CARA DOS MISERÁVEIS, QUE ARDEM NO FOGO, SEM O ZÊLO DAS AUTORIDADES. AS ATROCIDADES NÃO DEIXAM QUE AS CRIANÇAS BRINQUEM EM TÓRRIDO SOL QUE NÃO TEM MAIS ESTAÇÃO DEFINIDA. NÃO SOU CORUJA AGOURENTA, NEM FAÇO APOLOGIA AO TERROR, MAIS VISLUMBRO COM O OLHAR, QUE A DERRADEIRA AURORA CHEGARÁ. DOU UM ALERTA CONFIANTE PRA QUEM NÃO QUER ENXERGAR. O MUNDO JÁ NÃO TEM MAIS FREIO, O POVO SÓ QUER DANÇAR. NO COMEÇO DO FIM, NEM PARAM PRA REZAR. PRESUMO QUE NA HORA H, NÃO VAI HAVER MAIS TEMPO PRA ARREPENDER-SE DE INFELIZ DESPERTAR.
PAREM PRA PENSAR, ENQUANTO EXISTE O LUAR!



19/07/06 TEREZA NEUMANN

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