segunda-feira, 20 de abril de 2009

SOLIDÃO


DENTRO DE MIM
SÓ TENHO RUAS VAZIAS
DESERTOS DE AREIAS NEGRAS
E UM MAR INTRANQUILO E PEDREGOSO
POR ONDE NINGUEM NAVEGA
EU SOU SÓ, SEM SOL
SEM CÉU
SEM DÉU
SEM RUMO
SEM PRUMO
SEM VINTÉM
SEM NINGUÉM
SOU ALGUÉM DESENCONTRADO
E DESENCANTADO
SOU COMO O MENDIGO
SENTADO NO ADRO DA IGREJA
PEDINDO ESMOLAS
ENTRE PESSOAS FRIAS
QUE TRAFEGAM
SEM SEQUER
UMA PALAVRA DE CONFORTO
SOU O MORTO SOLITÁRIO
DEPOSITADO NA GAVETA FÚNEBRE
SOU O VAZIO DAS NOITES DE INSÔNIA
SOU O PERDIDO NA FLORESTA
QUE PROCURA ENCONTRAR
O CAMINHO CERTO
A BRECHA ENTRE AS FOLHAGENS
O FIO DE LUZ DO SOL
SOU NINGUÉM
QUE QUER SER ALGUÉM
TER AMIGOS
E DEIXAR DE SER
UMA RUA VAZIA


14/01/82 TEREZA NEUMANN

Um comentário:

Whesley Fagliari disse...

Oi Tereza,

Estive aqui observando e absorvendo... Lindo o poema, viu? Linda a forma como escreve e transpõe suas idéias, seus sentimentos... Parabéns!

Obrigado pelas pegadas deixadas no Sofia... Adorei!

Com carinho,
Whesley