quarta-feira, 1 de julho de 2009

BANDEIRA, NA VOZ DE EDSON NERY


Bandeira na voz de Edson Nery da Fonseca é mais que permanência, mais que presentificação lírica, é mesmo romper o espesso lacre do tempo no campanário dos versos.

Ouvir as letras que se agitam nas páginas quentes de papel é colher o fruto de uma intimidade amorosa com a poesia daquele que é a bandeira literária pernambucana, nosso Bandeira.

A Carpe Diem Editora tem a honra de inaugurar-se com este CD, juntamente com o lançamento simultâneo da terceira edição do livro Alumbramentos e perplexidades, de Edson Nery da Fonseca, para viver Bandeira nos vetores dessas obras-pontes como o é toda grande arte.

Foi o Instituto Maximiano Campos que primeiro lançou este CD (2005) quando se comemorava os oitenta anos de redação e primeira publicação (1925) do poema de Manuel Bandeira “Evocação do Recife”, poema escrito para o Livro do Nordeste, obra coletiva e pluridisciplinar organizada por Gilberto Freyre como parte das comemorações do primeiro centenário do Diário de Pernambuco.

Ao recordar, no livro de memórias Itinerário de Pasárgada, os amigos dos anos 20 que mais o influenciaram, Bandeira incluiu na lista “o nome de Gilberto Freyre, cuja sensibilidade tão pernambucana muito concorreu para me reconduzir ao amor da província, e aquém devo ter podido escrever naquele mesmo ano (1925) a minha “Evocação do Recife”.

O poema passou a fazer parte do livro Libertinagem publicado em 1930 e reproduzido nas obras completas do poeta editadas pela Nova Aguilar e pela Nova Fronteira que, neste ano de 2009, republicará a edição acrescida de parte da prosa e uma extensa fortuna crítica.

Os poemas escolhidos para este CD foram gravados por Edson Nery da Fonseca numa ordem que mostra a íntima ligação da poesia de Manuel Bandeira com sua família, sua identidade civil, a cidade natal, a doença, as crises existenciais e orientações literárias.

Na primeira edição, o Instituto Maximiano Campos contou com apoios definitivos, o da Solombra Books autorizando a reprodução fonográfica e textual dos poemas e o de Helena Meneses que participa da edição no diálogo do Poeta com a Cotovia.

Bandeira acreditava que “na música é que conseguiria exprimir-me completamente”. Edson Nery da Fonseca expõe com maestria a face musical dos poemas. Por certo, o poeta, ao ouvi-lo, se descobria regente de uma grande e afinada orquestra. Coube-nos o privilégio de legar à Literatura Brasileira este CD de peculiar intimidade poética com o autor.

Deixe-se penetrar pelo lirismo nada comedido de Bandeira e...

CARPE DIEM



“Vivências bandeirianas”



Antônio Campos

Com Alumbramentos e perplexidades a Carpe Diem Editora insere-se oficialmente no mercado brasileiro, justo neste ano de 2009 quando uma crise financeira internacional diz não aos investimentos no setor. A iniciativa poderia significar pouca habilidade para tal empreitada, caso não se considerasse que poucos editores disporiam do privilégio de inserir-se no contexto histórico da convivência com um dos mais importantes documentalistas brasileiros, Edson Nery da Fonseca, e seu alumbramento pela arte poética do pernambucano Manuel Bandeira, “o grande pai de uma geração de poetas fabulosos” como a ele se refere Vinícius de Moraes.
Diante da excelência dessas personalidades literárias, recuamos do propósito de analisar a obra, ela mesma uma exposição e análise de vivências raras na grande teia da “vida que valeu ‘a pena e a dor de ser vivida’”, em sua terceira edição.
Este livro faz-se acompanhar do lançamento de um CD com poemas de Manuel Bandeira lidos por Edson Nery da Fonseca que registra: “Fascinante é ainda a presença da música e das artes plásticas em sua obra poética e ensaística”. Mas o autor não apenas escreve como também expõe sua familiaridade com a poética bandeiriana para além do alcance visual de suas letras, ele nos revela a outra face, a musical, dos poemas. Como se há de concluir, o texto poético adensa-se, intensifica-se, permitindo que se apreendam seus significados sem fronteiras.
É possível ser universal cantando a sua aldeia? Sim; o leitor e o ouvinte concluirão após a leitura da obra, porque a memória e a imaginação são alguns dos vetores que virtualizam e unem as expressões diversas e contraditórias da experiência humana bem antes que a Internet existisse. A poesia como toda grande arte é construtora de pontes entre territórios bem diversos da materialidade, os da alma. Manuel Bandeira universaliza-se em sua singularidade e permite dizer a você que nos lê: Viva Bandeira. “Carpe diem” bandeirianamente.





Carpe Diem Edições e Produções | Projeto Editorial - Antônio Campos | Coordenação Editorial - Leila Teixeira | Produção Editorial - Patrícia Lima | Projeto gráfico e diagramação - MXM Gráfica | Revisão - Edson Nery da Fonseca


Assista ao vídeo com o poema "Arte de amar"

interpretado por Edson Nery

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