02/07/2009 - 19h52
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Situação diplomática entre Brasil e Honduras enfrenta um "hiato", declarou nesta quinta-feira o embaixador brasileiro em Tegucigalpa, Brian Michael Fraser Neele, que está em férias e cujo retorno foi suspenso em função da crise política desencadeada pelo golpe que no último domingo depôs o presidente Manuel Zelaya.
"Brasileiros em Honduras estão bem",
diz serviço diplomático em Tegucigalpa
Os cerca de 500 brasileiros que oficialmente moram em Honduras estão em segurança e a maioria deles pode ser contatada imediatamente em caso de emergência, informou hoje o serviço diplomático brasileiro em Tegucigalpa em entrevista ao UOL Notícias.
Francisco Catunda, encarregado de negócios do Brasil na capital hondurenha, contou por telefone que a embaixada tem condições de entrar em contato com mais de 460 brasileiros no país - seja por telefone, seja por listas de e-mail - caso a tensão política desencadeada pelo golpe de Estado que depôs o presidente Manuel Zelaya atinja níveis perigosos.
"Alguns brasileiros já telefonaram para nós e informamos que a situação está sendo acompanhada, estamos atentos", informou Catunda.
No entanto, o representante acrescentou que por ora não existe um plano concreto para eventual retirada dos brasileiros no país
Logo após Zelaya ser enviado para fora do país e o então líder do parlamento, Roberto Micheletti, assumir a presidência, o Brasil anunciou que não reconhece o governo interino e defende o retorno de Zelaya à presidência.
A situação significa um impasse diplomático, uma vez que as relações bilaterais não foram rompidas - "um hiato, uma situação de espera", definiu Neele, do Rio de Janeiro, em entrevista ao UOL Notícias.
"Não mantemos diálogos com as autoridades locais. Aguardamos uma situação nova na área política, em função das próximas negociações [entre as partes em conflito em Honduras] para retomar a normalidade das relações bilaterais", explicou Neele.
Dessa forma, a embaixada em Tegucigalpa não está fechada, mas seu funcionamento se restringe a atividades consulares de rotina.
O diplomata acrescentou que é necessário aguardar os possíveis resultados da missão enviada a Honduras pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que a partir de quinta-feira buscará um consenso com o atual governo capaz de trazer o país de volta a uma normalização.
O presidente hondurenho, Manuel Zelaya, foi deposto do cargo e levado para fora do país por um golpe realizado no último domingo (28), horas antes de uma consulta popular sobre uma reforma constitucional que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Suprema Corte.
Em seu lugar tomou posse Roberto Micheletti, então líder do Parlamento, que defende a "legalidade" da tomada de poder, realizada a partir de uma aliança dos militares com o judiciário e com os parlamentares. Micheletti prometeu governar os seis meses que restam para o fim do mandato de Zelaya e então convocaria novas eleições.
Desde então o país evoluiu para uma situação política tensa. Chefes de governos, de Hugo Chávez a Barack Obama, declararam apoio ao presidente deposto, enquanto manifestantes - pró e contra Zelaya - saíram às ruas de Honduras para protestar.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, confirmou que nesta sexta-feira viaja a Honduras para comunicar o governo de Micheletti do prazo de 72 horas para que a ordem constitucional seja restabelecida no país, conforme decidiu a organização na quarta-feira. "[Insulza] é bem-vindo. Todos os países do mundo são bem-vindos", respondeu Micheletti a jornalistas.
Caso não obedeça a recomendação da OEA, o país poderá ser expulso da organização. A sanção, similar à foi imposta a Cuba, aumentaria o isolamento internacional de Tegucigalpa, que já teve parte de suas operações de empréstimos internacionais suspensas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário